sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Experiência e opinião dos pais sobre a inclusão social









    Como as borboletas a inclusão é singular,
cada detalhe faz a diferença para
suas  vivências 


continuação da monografia ...

1.  Os Pais

a) O pai H.J.P.Almeida, 46 anos, desenhista industrial, cujo filho B.D.M.Almeida, 14 anos, deficiente neurológico moderado, inserido na 8ª série do ensino fundamental da rede privada, argumentou:

“É grande o constrangimento ao qual meu filho vem sendo exposto, sendo convidado a retirar-se das escolas, por exprimirem a falta de condições para atendê-lo em suas necessidades especiais”. 

Suas respostas continham emoção, firmeza e objetividade, fruto de uma trajetória difícil e busca de soluções. Assim afirmou:

“A escola aceita a princípio, mas quando vê que vai dar trabalho extra para os professores e/ou não consegue evitar as brincadeiras de mau gosto,  por parte dos outros alunos, começam a colocar obstáculos à permanência dele na  escola.

Esse processo é um círculo vicioso que acarreta problemas de adaptação ao novo estabelecimento, pois meu filho já chega com sua auto-estima baixa e  completamente armado para suas futuras relações sociais, desacreditado em sua capacidade de aprender e fazer novos colegas”.

                     Continua argumentando:
“A sociedade não está preparada para acolher nenhuma deficiência, as pessoas vivem de si, são superficiais e no máximo sentem pena dos que são diferentes”.

                     Concluí seguro e objetivo,
“Só uma sociedade que tenha o propósito de modificar essa situação de discriminação dos deficientes, poderá a longo prazo minimizar esse sofrimento em que vivem os que  nasceram fora do “padrão” social”.

b) A mãe V. K. Freisleben, 49 anos, secretária escolar, cuja filha R.K.Freisleben  é deficiente auditiva moderada e está inserida na 3ª série do ensino médio da rede pública, comenta que nas primeiras séries do ensino fundamental, no início das aulas conversava sobre a deficiência da filha com os professores,    para ver se conseguia auxiliar em sua aprendizagem, mas infelizmente nenhuma atitude era tomada, em prejuízo do rendimento obtido, sempre muito baixo.
A mãe demonstrou muita amargura em seu relato, disse sentir-se de mãos atadas para auxiliar sua filha a conseguir encontrar uma profissão e poder sustentar-se futuramente. Afirmou que:

“Só vejo uma saída para  essas crianças com problemas, os professores serem mais responsáveis, terem mais amor no coração e entender melhor a necessidade das crianças  doentes”.

c) A mãe R.Perez. 37 anos, vendedora, cujo filho D.Perez é paraplégico, 16 anos, inserido na 2ª  série do ensino médio da rede pública, argumentou que a doença se manifestou aos quatro anos de idade e desde então  luta para  que o filho seja  aceito socialmente.
Seu relato foi vigoroso e cheio de esperança:

“As crianças quando menores, até oito anos brincavam muito com meu  filho, empurravam sua  cadeira de rodas e sempre colocavam os brinquedos em suas mãos. Após os dez anos é que sentiu-se muito solitário, pois os amigos já não tinham tanta disposição para carregá-lo para cima e para baixo, como antes.”

Então R. Perez encontrou outra solução, matriculou o filho numa escola de esportes para deficientes físicos e hoje ele é campeão na modalidade de bocha. Passou a convidar os amigos para assistirem filmes e disputarem jogos de tabuleiro.      
Quanto à escola, afirmou  não encontrar  dificuldades para que freqüentasse, porém muitas não possuem rampas de acesso na entrada e para o pátio em que realizam os intervalos. Bem  como  muitas vezes as carteiras não se ajustam a cadeira de rodas, tendo que escrever apoiando o caderno no colo.
Ao descrever a sociedade, achou que para o paraplégico está ficando mais viável, pois já têm cinemas, teatros, restaurantes, sanitários, ônibus e outros locais para visitação pública com aceso garantido.
Porém, para R. Perez  o  maior problema é o estigma de “coitadinho” que a sociedade impinge em seu filho, com olhares de penúria, exprimindo o  forte preconceito.
Para mudança dessa atitude ela acredita ser necessário a sociedade perceber os  deficientes  como cidadãos tão competentes quanto os ditos normais.     
R. Perez finaliza  propondo como solução:

“É o deficiente que deve procurar seu lugar  ao sol,  nada cai do céu  , tudo depende      da     determinação      e comprometimento na busca de seus ideais”.

Magda Cunha


Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino

mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com

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