quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A ética “aparente” na inclusão

 
                      na  corda  bamba  da  ética  aparente  na  inclusão escolar

As escolas que estão trabalhando a inclusão, geralmente conhecem a legislação  e procuram seguir as normas  de acesso e permanência, como já foi citado nos itens anteriores. 

Porém  a forma de conduta do corpo docente é pautada na intuição, poucos já leram a respeito ou participaram de cursos para aprofundamento no assunto, atuando da maneira que acreditam ser adequada para atender as necessidades especiais.

Essencialmente a  predisposição desses professores    para assumirem uma conduta favorável à inclusão, deve-se ao fator humano,    conduzido  pelo afeto nas relações  professor-aluno.
O afeto estimula a sensibilidade e provoca mudanças internas, gerando alternativas para lidar com situações adversas, tornando-se um forte aliado para a efetivação da escola inclusiva.

Segundo Davini, a intuição é rica porque nela habitam nossas fantasias, portanto nossa criatividade e sensibilidade. Mas a intuição é perigosa por outro lado, porque coloca em ação o nosso mundo interno, nossa moral, nossos referenciais, emoções. O que nos faz agir frente a algumas situações de forma misturada, o que pode acentuar um conflito. Assim os professores munidos somente da intuição providenciam uma inclusão com alicerce frágil.

Outro parceiro singular para que seja estabelecido de fato a inclusão é a disponibilidade interna e externa do corpo docente, administração e direção escolar.

Estar disponível para mudanças, alterações, busca de alternativas para solucionar questões advindas do processo inclusivo é indispensável para todos nele envolvidos.

A disponibilidade externa diz respeito a capacitação da equipe escolar, enquanto a interna depende da boa vontade, do respeito as diferenças individuais e do amor  ao ato de aprender a  aprender, ou seja, do fator humano.

Segundo Mantoan, a inclusão se concilia com a educação para todos e com um ensino especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção tão revolucionária sem enfrentar  um desafio ainda maior: o que recai sobre o fator humano.

“Os recursos físicos e os meios materiais para a efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação, na escola, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar os processos  de  ensino   e   aprendizagem.

Nesse contexto, a formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância, sem o qual a inclusão não passará de mera intuição”.(Mantoan, 1988).
Almeida  afirma, que:

“para transformarmos qualquer coisa na vida, em destaque ao ser humano, requer fundamentalmente do pensar sobre as ações afetivas e  práticas, de maneira preventiva, avaliando suas conseqüências, revendo acertos e erros; é processo, é construção, é inter-relação”. (Almeida, 2004)

A ética escolar , é um conjunto de preceitos que vão se tornando legitimados  e que não só querem justificar a necessidade e o dever de ensinar  mas que, também, criam  uma série de valorizações que permeiam o tecido social na busca de lhe dar coesão, funcionalidade e sentido.

A inclusão como uma questão ética encerra uma sociedade compromissada com as minorias e não somente com as pessoas deficientes, posto que somos diferentes, e é exatamente isto que nos enriquece como seres humanos.

A Sociedade constituída por esta dada escola  é aquela em que os homens que nela vivem conferem sentido ao mundo a partir de suas vivências, das aprendizagens e valores ao redor deste.
É uma sociedade na qual os indivíduos se enxergam como “autênticos indivíduos” na medida em que incluem as diferenças individuais.

Nossa sociedade  se prevalece da ética na educação inclusiva, “ética aparente”, pois ainda não oferece  reais oportunidades de igualdade aos portadores de necessidades especiais e deficientes.

Magda  Cunha


Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com






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