sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Estética "permanente" da inclusão escolar

A guisa de estarem cumprindo determinações  legais, as  escolas  procuram adequarem-se  estéticamente  à   inclusão, isso  é, têm um discurso convincente e  acolhedor, deixam que  a  tranquilidade  transpareça  quando  o  assunto é  o  deficiente.
Porém  basta  um olhar  mais  cuidadoso  e  percebe-se   que  a  aparência  se  defaz, e  que  incluir  é  maior  que  cumprir  leis, é  mudança  cultural, de paradigma, de conduta e por  conseguinte  de sociedade.


                                mais que  falar/ouvir, temos que  viver  a inclusão


continuação da monografia ...

Segundo Morin, um dos principais objetivos da educação é ensinar valores. E esses são incorporados pela criança desde muito cedo.
É preciso expor a ela como compreender a si mesma para que possa compreender os outros e a humanidade em geral. Os jovens têm que discernir as particularidades do ser humano.
“O sistema educativo não agrega essas discussões e, pior, fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a diversidade. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação.
A educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem.
É a  investigação e a pluralidade de possíveis caminhos que tornam o assunto interessante, sempre instigando a curiosidade.
A educação deve ser um despertar para a filosofia, para a literatura, para a música, para as artes. É isso que preenche a vida. Esse é seu verdadeiro papel.
O processo educativo dá-se passando da desigualdade para a igualdade, as diferenças reais do início desse processo são vistas sob a ótica de igualdade potencial ao final do mesmo.”
(Morin – Construir as competências desde a escola)
Portanto a educação escolarizada que hoje vivenciamos é puramente estética, voltando-se excessivamente aos conteúdos, desconsiderando a diversidade e pluralidade nas relações sociais, responsável pela gênese da individualidade dos sujeitos, apêndice vital para a inclusão constituir-se.
Essa individualidade é naturalmente oposta à massificação, primando por excelência pela autoria e autonomia do pensar.
Nas últimas décadas a estrutura legal para garantir a inclusão representou avanços nos direitos do deficiente e PNEE, porém o social, pela sua natureza histórica está desestruturado, esvaziado de  ética.
Socialmente não se reconhece à legitimidade da inclusão, o preconceito está arraigado nos indivíduos, as diferenças individuais incomodam, são esteticamente excluídas do âmago sócio cultural.
O objetivo último da educação  inclusiva é preparar o jovem para a vida plena da cidadania. Isto supõe formar um cidadão , consciente, crítico e participativo, capaz de compreender a realidade em que vivi e nela intervir, participando do processo de construção da sociedade.
Cidadão este que não se permite massificar, é sujeito da sua história, age  eticamente, com ousadia e transparência.
Torna-se, portanto um paradoxo sócio-cultural, pois desconsidera viver da estética permanente nas relações sociais.
Esse paradoxo alterca a sociedade e suscita a cultura, que por conseguinte ganha um novo rumo.

 
Magda  Cunha



Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.

mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com



Nenhum comentário:

Postar um comentário