segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por trás das letras


É  incrível  como  o  material didático impresso  recebeu,  ao  longo  dos  anos,  um  valor primordial.

Quando  os  primeiros  núcleos  educacionais  surgiram,  na  Grécia antiga, todo  conhecimento era trabalhado  em  longas  conversas,  chamadas  de  dialética.
Nessas  reuniões  o  que  importava não era interpretar, mas refletir acerca da realidade.
Deu-se  a  essa  maneira  de  pensar  o  nome  de  filosofar, isto é,  refletir  sobre  a realidade  em  busca  de  explicações, passeando  do  concreto ao  abstrato,  por  meio  da  síntese, tese  e antítese.

Enfim, o método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente, ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é”. É por isso que o argentino Carlos Astrada define a dialética como “semente de dragões”, a qual alimenta dragões que talvez causem tumulto, mas não uma baderna inconseqüente.

Toda  essa prosa  para  refletir  nos  valores  da  escola  atual.
Com certeza se descaracterizou  bastante, pois a reflexão  se distanciou  e  ficou  esquecida.
Os  pais  ao  visitarem  a  escola  valorizam  o  material  didático, gostam quando  são visualmente atraentes,  com  bastante  páginas "conteúdos", e claro  uma "marca"  conhecida. Outra preocupação são os métodos de avaliação e regras disciplinares, têm  que  ser  flexíveis  e  facilitar  a vida do  aluno.
Se  tudo  for  como  esperavam, consideram essa uma  instituição  de ensino  séria  e  que  seu  filho merece ser  incluído.

Pensar ainda continua sendo a única maneira de se construir aprendizagens, todo o resto dá suporte e intarege com o educando.
Socioconstrutivismo, abordagem sócio histórico, sociointeracionismo entre outros, pode se tornar apenas rótulos, se não houver reflexão fundamentada nas diferentes correntes de pensamento pelos pais,  educadores  e  gestores  escolares.

Por  trás  das  letras  copiadas  e  lidas, estão  as  letras fundamentais,  as  que  o  aluno  produz  do  seu  pensar, a refletida   e  que  faz  parte  de  seu repertório, do  sentido  e  significado  atribuído  ao  que "apreendeu"   de  suas convivências.

Por  trás  das  letras  dos  alunos  está  a  dos  educadores, que  devem  entender  qual  o  seu  papel,  qual corrente de pensamento acreditam, e de como  desencadearão  a vontade  dos alunos  desejarem  descobrir  o  mundo  que os cerca,  e  mais  que isso, refletirem, atuarem  e  transformarem-no.

O material  didático  é  importante, mas não  imprescindível, é um  facilitador,  não  um roteiro cego,  para  ser preenchido freneticamente  e  corrigido até exaustão.

Minha sogra dizia: "- Mais  vale  a fé,  do  que o  pau  da  barca",  é   assim  que  funciona,  mais vale  no  que  o  educar  acredita,  que  o  que  dita  o  material  didático,  seja  ele  qual  for.
Portanto  se  o  educador  tem  seu  material  didático  como  centro  da aprendizagem, lhe  falta  fé, isto é, não tem uma  linha de pensamento, tão  pouco  reflete  sobre a  educação  e seu  papel  na  sociedade.

Na  minha última  postagem  comentei  sobre  o modismo  dos  testes  para seleção  nas  escolas,  eles  não aferem  sobre  a  fé  na  educação,  e isso  é  no  mínimo  desalentador.

Magda Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de ensino.
mailto:ensino.mag-helen.maravilha@gmail.com |
http://www.promaravilha.blogspot.com/

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