quinta-feira, 7 de julho de 2011

Piaget ou Pinochet


Árdua  tarefa  de  educar,  seja os  filhos ou alunado.
Lembro-me  que  ao conversar  com  uma amiga  muito  querida, e  de velha  data,  Are (como  só  eu  a  chamo, rs  rs  rs),  disse-me: -"É você  tinha  razão, educar  dá  trabalho!".
Há anos idos, eu com três filhos pequenos e ela esperando seu primeiro rebento,  viu-me na  lida  com  meu trio.
Observou  então que  para  eles  tudo tinha  que  ter uma explicação, haja  paciência,  as  crianças argumentavam  e  até  colocavam  seu  ponto de  vista,  e eu investia  muito  tempo  em mostrar-lhes o  porquê  de cada coisa.
E  então, algum  tempinho  após  o  nascimento  de  seu  filho, e em  situação similar, constatou  que  educar dá  trabalho.

É  trabalho  complexo, expresso  em tempo, paciência, coerência  e  um  querer educar,  mais  que  querer  ter  razão, ou  impor  limites, ditar  regras, reprimir, amedrontar  e  fazer  o  outro  obediente.

Isso  é  um  processo  de  humanização, de entender  como  a criança  pensa, de  mostrar  outras  alternativas e por  conseguinte "dá  trabalho".
Nem  todo  dia  temos paciência, caímos, levantamos,  frustramos  e  nos recompomos, é  o  caminho  das  pedras, como  tudo  que tentamos  fazer com  zelo  e  amor.

A criança aprende  aos  poucos a  ouvir, organizar os  pensamentos, entender a  lógica, e muito rapidamente  também começa  argumentar e  pasmem elas  são  muito  boas  nisso.
Assim  aprendemos  também  a  negociar  com  elas e acabamos nos tornando parte  de  seu  jeito de  pensar, de  sua  educação  e de sua vida.
Criamos  com  os filhos  "os limites",  de  acordo  em  acordo,  e  baseado  nisso  está nossa  visão  de  mundo, nossos  valores, nossa  moral  social e  porque  não  dizer  nossa  essência.

Os  familiares  são os  primeiros  educadores, são a  base  da  educação  social.
O  professor  é como  muitos  dizem  o  segundo  pai, e atuam no  âmbito  das  interações sociais, de  ensino/aprendizagem e formação  intelectual, portanto  modelos também. 
O  educador  é  a  amplitude  do  papel  do  professor, pois  vislumbra a  formação  do  aluno  como  um  todo.

Mas  até  que  ponto  o  educador "professor" é  responsável  pela  educação  familiar? 
  
Quando  iniciamos  o  ano  letivo  assumimos  uma  turma  com  vários alunos, e formas diversas  de  criação "educação, ou  falta  dela". Há cada ano que passa as mudanças no perfil do alunado são enormes, e a árdua tarefa do ensino/aprendizagem tornou-se educação/ensino/aprendizagem.
É  aí  que  o  educador  precisa  muito  do  apoio  das  famílias,  para traçar  um  plano  de educação  coerente, pois o  aluno  é  na  sala  extensão  do  que  vive  em  casa.

Nos  corredores  das  escolas, em  tom jocoso,  os  educadores  perguntam:
"- Devemos  ser  como  Piaget  o  Pinochet?" rs rs rs
Ditador, extremista  ou formador  de  seres???? Inversamente  aos  nomes.

Sabemos  que  a  ideologia é essencial  para nossa profissão, mas muitas  vezes não temos suporte familiar  e  escolar  para minimamente atuar.
Educadores abandonam  a  profissão, sentem-se frustrados, e justificam  que  não  estudaram  tanto  pra  ser  babas,  passar  mais  que  a  metada  da  hora/aula  tentando fazer os  alunos  sentarem  e  entenderem  que  aquele  momento  é  de  descoberta,  de  aprendizagem de  troca  de  experiência.

Os  alunos  ficam cada  vez  mais  sem  aulas, e  as  famílias revoltadas  porque  educação  é  dever  do  estado.

Hoje a  escola vive o seguinte  paradoxo  "função  de  educar/ensinar/aprender".
Isso  porque sem a atuação familiar, nós educadores  sabemos  que  é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz

Mais  ou  menos assim: famílias  fora de  casa - filhos desassistidos - escola improdutiva. Isso  dá  muito  pano  pra  manga.


Magda  Cunha


*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com | www.promaravilha.blogspot.com

 


 

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