terça-feira, 19 de julho de 2011

Insight



Essa frase de Oswald de Andrade : "A gente escreve o que ouve - nunca o que houve" inspirou-me  a  narração  a seguir.
Desde o  nascimento de minhas sobrinhas, 05/2007  Paula  e  04/2009 Thaís, tenho me deliciado com cada etapa do desenvolvimento delas.
Quando  tive  meus filhos, ainda jovem, a  dinâmica, o pensar  e o  fazer  eram  obviamente  outros,  e meu foco nem  transitou por  essas  delícias.

Ao  distanciar-me  das  responsabilidades  inerentes da criação(mãe) / educação(professora), só  praticar o afeto, vivenciar bincadeiras  e  tentar  realmente  enxergar  pelos  olhos  delas, mergulhei num  mundo novo.
Então  observo,  que  não  raras  vezes,  a   mais velha  quer auxiliar  a  mais  nova  em alguma  situação  problema, e  então  utiliza  toda  sua  experiência  anterior  e  suas  novas  hipóteses. Porém nem  sempre  a  menor  quer  ajuda, pois  também  quer  tentar,  a  sua  maneira  e  inicia o problema  da  situação, também  um  trocadilho  nesse  caso.

O  que  é  de  se  esperar, a  autonomia, iniciativa  e  elaboração  de  hipóteses fervilham  nessa  idade. Fase  das  artes,  travessuras, e  de  enlouquecer  os  pais  e professores. 
O  cérebro  está  a  todo  vapor, e  as  relações  entre  o  que  se  quer  e  o  que  se  obtém  é  fundamental  para  novos  desafios.
Assim  a  menor  quer  fazer  suas  próprias  inferências, isto é,  a passagem do antecedente ao conseqüente de um pensar  e portanto  não  deseja  ajuda, ansia pela  solução.

Isso  é  nada  mais, nada  menos  do  que o conceito elaborado por Vigotsky, a zona de desenvolvimento proximal, e define a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro.

Nesse  final  de  semana  li  o  conto  de  fada  "Branca de Neve  e  os  sete  anões" para elas, depois  folheram  o  livrinho,  que  tinha  duas histórias.
Paula  quando  acabou  de  folhear  a parte da Branca de Neve  entregou  para  Thaís,  e  essa depois  de  acabar  a  primeira  continuou  pela segunda  história.
Então  eu  lhe disse  que  havia  acabado  a  história,  aquela  era  outra,  e  ela  respondeu-me  imediatamente  que  não, é  que a  Branca  de Neve  tinha  ido  pra outra  casa.
Ri  muito  com  aquele  insight,   pois ela  tinha  transposto  sua  vivência  de  deslocar-se  para Branca  de Neve  e  solucionado, em  seu  mundo, a seu  modo, mais  uma  questão. Brilhante né!

A  leitura  é  um  mundo  mágico  e  propiciou  esse  pensar,  amei  estar  ali  e  ter  vivido aquele  momento,  então  contei  o  que  houve  pra vcs.
Magda Cunha


*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de  ensino.
  mag-helen.maravilha@gmail.com | www.promaravilha.blogspot.com


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