É incrível como o material didático impresso recebeu, ao longo dos anos, um valor primordial.
Quando os primeiros núcleos educacionais surgiram, na Grécia antiga, todo conhecimento era trabalhado em longas conversas, chamadas de dialética.
Nessas reuniões o que importava não era interpretar, mas refletir acerca da realidade.
Deu-se a essa maneira de pensar o nome de filosofar, isto é, refletir sobre a realidade em busca de explicações, passeando do concreto ao abstrato, por meio da síntese, tese e antítese.
Enfim, o método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente, ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é”. É por isso que o argentino Carlos Astrada define a dialética como “semente de dragões”, a qual alimenta dragões que talvez causem tumulto, mas não uma baderna inconseqüente.
Toda essa prosa para refletir nos valores da escola atual.
Com certeza se descaracterizou bastante, pois a reflexão se distanciou e ficou esquecida.
Os pais ao visitarem a escola valorizam o material didático, gostam quando são visualmente atraentes, com bastante páginas "conteúdos", e claro uma "marca" conhecida. Outra preocupação são os métodos de avaliação e regras disciplinares, têm que ser flexíveis e facilitar a vida do aluno.
Se tudo for como esperavam, consideram essa uma instituição de ensino séria e que seu filho merece ser incluído.
Pensar ainda continua sendo a única maneira de se construir aprendizagens, todo o resto dá suporte e intarege com o educando.
Socioconstrutivismo, abordagem sócio histórico, sociointeracionismo entre outros, pode se tornar apenas rótulos, se não houver reflexão fundamentada nas diferentes correntes de pensamento pelos pais, educadores e gestores escolares.
Por trás das letras copiadas e lidas, estão as letras fundamentais, as que o aluno produz do seu pensar, a refletida e que faz parte de seu repertório, do sentido e significado atribuído ao que "apreendeu" de suas convivências.
Por trás das letras dos alunos está a dos educadores, que devem entender qual o seu papel, qual corrente de pensamento acreditam, e de como desencadearão a vontade dos alunos desejarem descobrir o mundo que os cerca, e mais que isso, refletirem, atuarem e transformarem-no.
O material didático é importante, mas não imprescindível, é um facilitador, não um roteiro cego, para ser preenchido freneticamente e corrigido até exaustão.
Minha sogra dizia: "- Mais vale a fé, do que o pau da barca", é assim que funciona, mais vale no que o educar acredita, que o que dita o material didático, seja ele qual for.
Portanto se o educador tem seu material didático como centro da aprendizagem, lhe falta fé, isto é, não tem uma linha de pensamento, tão pouco reflete sobre a educação e seu papel na sociedade.
Na minha última postagem comentei sobre o modismo dos testes para seleção nas escolas, eles não aferem sobre a fé na educação, e isso é no mínimo desalentador.
Magda Cunha
*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem, consultora na rede pública e particular de ensino. mailto:ensino.mag-helen.maravilha@gmail.com | http://www.promaravilha.blogspot.com/ |
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