Essa frase de Oswald de Andrade : "A gente escreve o que ouve - nunca o que houve" inspirou-me a narração a seguir.
Desde o nascimento de minhas sobrinhas, 05/2007 Paula e 04/2009 Thaís, tenho me deliciado com cada etapa do desenvolvimento delas.
Quando tive meus filhos, ainda jovem, a dinâmica, o pensar e o fazer eram obviamente outros, e meu foco nem transitou por essas delícias.
Ao distanciar-me das responsabilidades inerentes da criação(mãe) / educação(professora), só praticar o afeto, vivenciar bincadeiras e tentar realmente enxergar pelos olhos delas, mergulhei num mundo novo.
Então observo, que não raras vezes, a mais velha quer auxiliar a mais nova em alguma situação problema, e então utiliza toda sua experiência anterior e suas novas hipóteses. Porém nem sempre a menor quer ajuda, pois também quer tentar, a sua maneira e inicia o problema da situação, também um trocadilho nesse caso.
O que é de se esperar, a autonomia, iniciativa e elaboração de hipóteses fervilham nessa idade. Fase das artes, travessuras, e de enlouquecer os pais e professores.
O cérebro está a todo vapor, e as relações entre o que se quer e o que se obtém é fundamental para novos desafios.
Assim a menor quer fazer suas próprias inferências, isto é, a passagem do antecedente ao conseqüente de um pensar e portanto não deseja ajuda, ansia pela solução.
Isso é nada mais, nada menos do que o conceito elaborado por Vigotsky, a zona de desenvolvimento proximal, e define a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro.
Nesse final de semana li o conto de fada "Branca de Neve e os sete anões" para elas, depois folheram o livrinho, que tinha duas histórias.
Paula quando acabou de folhear a parte da Branca de Neve entregou para Thaís, e essa depois de acabar a primeira continuou pela segunda história.
Então eu lhe disse que havia acabado a história, aquela era outra, e ela respondeu-me imediatamente que não, é que a Branca de Neve tinha ido pra outra casa.
Ri muito com aquele insight, pois ela tinha transposto sua vivência de deslocar-se para Branca de Neve e solucionado, em seu mundo, a seu modo, mais uma questão. Brilhante né!
A leitura é um mundo mágico e propiciou esse pensar, amei estar ali e ter vivido aquele momento, então contei o que houve pra vcs.
Magda Cunha
*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com | www.promaravilha.blogspot.com
*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
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