Árdua tarefa de educar, seja os filhos ou alunado.
Lembro-me que ao conversar com uma amiga muito querida, e de velha data, Are (como só eu a chamo, rs rs rs), disse-me: -"É você tinha razão, educar dá trabalho!".
Há anos idos, eu com três filhos pequenos e ela esperando seu primeiro rebento, viu-me na lida com meu trio.
Observou então que para eles tudo tinha que ter uma explicação, haja paciência, as crianças argumentavam e até colocavam seu ponto de vista, e eu investia muito tempo em mostrar-lhes o porquê de cada coisa.
E então, algum tempinho após o nascimento de seu filho, e em situação similar, constatou que educar dá trabalho.
É trabalho complexo, expresso em tempo, paciência, coerência e um querer educar, mais que querer ter razão, ou impor limites, ditar regras, reprimir, amedrontar e fazer o outro obediente.
Isso é um processo de humanização, de entender como a criança pensa, de mostrar outras alternativas e por conseguinte "dá trabalho".
Nem todo dia temos paciência, caímos, levantamos, frustramos e nos recompomos, é o caminho das pedras, como tudo que tentamos fazer com zelo e amor.
A criança aprende aos poucos a ouvir, organizar os pensamentos, entender a lógica, e muito rapidamente também começa argumentar e pasmem elas são muito boas nisso.
Assim aprendemos também a negociar com elas e acabamos nos tornando parte de seu jeito de pensar, de sua educação e de sua vida.
Criamos com os filhos "os limites", de acordo em acordo, e baseado nisso está nossa visão de mundo, nossos valores, nossa moral social e porque não dizer nossa essência.
Os familiares são os primeiros educadores, são a base da educação social.
O professor é como muitos dizem o segundo pai, e atuam no âmbito das interações sociais, de ensino/aprendizagem e formação intelectual, portanto modelos também.
O educador é a amplitude do papel do professor, pois vislumbra a formação do aluno como um todo.
Mas até que ponto o educador "professor" é responsável pela educação familiar?
Quando iniciamos o ano letivo assumimos uma turma com vários alunos, e formas diversas de criação "educação, ou falta dela". Há cada ano que passa as mudanças no perfil do alunado são enormes, e a árdua tarefa do ensino/aprendizagem tornou-se educação/ensino/aprendizagem.
É aí que o educador precisa muito do apoio das famílias, para traçar um plano de educação coerente, pois o aluno é na sala extensão do que vive em casa.
Nos corredores das escolas, em tom jocoso, os educadores perguntam:
"- Devemos ser como Piaget o Pinochet?" rs rs rs
Ditador, extremista ou formador de seres???? Inversamente aos nomes.
Sabemos que a ideologia é essencial para nossa profissão, mas muitas vezes não temos suporte familiar e escolar para minimamente atuar.
Educadores abandonam a profissão, sentem-se frustrados, e justificam que não estudaram tanto pra ser babas, passar mais que a metada da hora/aula tentando fazer os alunos sentarem e entenderem que aquele momento é de descoberta, de aprendizagem de troca de experiência.
Os alunos ficam cada vez mais sem aulas, e as famílias revoltadas porque educação é dever do estado.
Hoje a escola vive o seguinte paradoxo "função de educar/ensinar/aprender".
Isso porque sem a atuação familiar, nós educadores sabemos que é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz.
Mais ou menos assim: famílias fora de casa - filhos desassistidos - escola improdutiva. Isso dá muito pano pra manga.
Magda Cunha
Magda Cunha
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com | www.promaravilha.blogspot.com
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