A hiperpassividade dos pais foi observada no séc. XX, por volta dos anos 1990 e segue até os dias atuais. O fato do mercado de trabalho absorver os pais por longo período e distanciá-los de sua prole, fez com que agissem com passividade à atitudes desajustadas dos filhos. Isso pode ser explicado por um mecanismo de compensação, onde evitar desagradar o filho seria a maneira de conquistar seu amor, admiração. Nesse período surgiram slogans "Tempo não representa qualidade", "Estar com os filhos não é o mesmo que ficar com eles" , "Fico pouco tempo com meus filhos, porém são muito proveitosos"... Os pais deixaram de exercer sua autoridade e as crianças começaram seguir menos regras, exigir cada vez mais dos seus responsáveis, passaram literalmente a mandar nas interações, o que culminou os pais tornarem-se reféns das mesmas. A escola foi aos poucos tendo que lidar com esse comportamento desajustado das crianças e pais, que passaram a exigir que a instituição escolar também se submetesse as vontades de seus filhos. O reflexo da hiperpassividade dos pais tornou-se alvo de muitos estudos e alterou consideravelmente as relações sociais, que estão permeadas por ações desajustadas e que causam sérios riscos a convivência e bem estar social.
Magda Cunha
Fonte: A mente é maravilhosa
https://amenteemaravilhosa.com.br/pais-hiperpassivos-criancas-hiperativas/
Existem mais pais hiperpassivos do que crianças hiperativas
O termo hiperatividade se tornou muito popular. Muitos pais pensam que seus filhos sofrem desse transtorno, que seus filhos são crianças hiperativas.
Respeitando os defensores e difamadores da existência de tal
transtorno, parece que não existem tantas crianças que o tenham a ponto
de justificar o grande número de diagnósticos que têm sido feitos. Isto
é, falamos de um transtorno – no caso de poder falar dele como tal –
super diagnosticado.
Existem
muitos pais, muitos mesmo, que recorrem aos centros de psicologia,
psiquiatria infantil, ou neurologia em busca de um diagnóstico que
confirme suas suspeitas. Uma suspeita que, segundo eles, aponta que seu
filho é hiperativo. O fato é que muitas vezes este diagnóstico não se
confirma e os pais saem mais desanimados da consulta do que entraram
(por mais contraditório que pareça), e outras vezes este diagnóstico é
confirmado, mas se dá de forma equivocada.
Em uma
primeira consulta com os pais, depois de identificar condutas problema, é
feita uma avaliação do menor e da dinâmica familiar. Se for necessário
intervém-se na família, a fim de otimizar a dinâmica familiar e a
conduta da criança.
Crianças hiperativas ou pais hiperpassivos?
Alguns dias
atrás, enquanto lia um texto da internet que dizia: “Existem mais pais
hiperpassivos do que crianças hiperativas”, fiquei pensando e isso me
fez refletir e decidir escrever um artigo sobre este tema. Achei que
haveria questões interessantes, então vamos a elas.
Existe e é
conhecida a enorme demanda de diagnósticos de Transtornos de Atenção ou
Transtornos por Déficit de Atenção com ou sem hiperatividade (TDAH) em crianças que não se concentram em sala de aula, não fazem suas lições, se mexem demais, são mais inquietas…
Além disso, podemos enumerar mais queixas que, disfarçadas de sintomas,
fazem os pais ou os professores acreditarem que estas crianças (que não
atendem às suas expectativas) têm algum tipo de problema ou transtorno
psicológico.
Vão dando
voltas pelas consultas com diferentes profissionais e especialistas com o
objetivo de diagnosticar e rotular seus filhos como hiperativos para
ficarem tranquilos e, no pior dos casos, medicá-los. E desta forma, agir
de forma hiperpassiva.
Pais excessivamente ocupados e preocupados
É verdade
que as mães e os pais não passam o dia todo sentados assistindo à
televisão ou olhando o celular. Muitos têm inclusive mais de um trabalho
fora de casa, além das tarefas domésticas. No dia a dia não param,
vivem estressados, com pressa, estão muito ocupados (e as crianças
também) e chegam tarde e cansados em casa, passam muito pouco tempo com
seus filhos e o pouco tempo que passam é de forma passiva.
Os pais e
os filhos têm tão pouca energia ao chegar em casa que não têm vontade de
brincar na rua, cozinhar juntos, não existe tempo para se jogar no chão
para brincar em casa, fazer cócegas na cama, fazer torres com blocos,
cantar ou dançar, rir juntos, inventar histórias com bonecos ou animais, contar histórias, etc.
A tecnologia e as telas ocupam esses momentos compartilhados. Assim, as
crianças não têm oportunidades de gastar a sua energia, chegando
inclusive a sofrer sintomas de ansiedade, estresse ou tristeza
excessiva, tédio ou esgotamento. E os pais começam a se preocupar com esses sintomas.
“Os pais de família verdadeiramente felizes não estão com frequência nos bares.”
-Adolfo Kolping-
Passar mais tempo com os filhos implica reforçar vínculos
Acredito firmemente que vale
a alegria, mais que a pena, passar mais tempo com os filhos para
brincar e estar presentes com eles enquanto a infância durar.
Então, é preciso se esforçar para criar outras formas de estar com eles
em função da sua maturidade e das suas necessidades peculiares. Nunca é
tarde para a revisão e a mudança.
“Cada dia de nossas vidas fazemos depósitos no banco da memória de nossos filhos.”
-Charles Swindoll-
Porque não existem tantas crianças hiperativas, nem tantas crianças com problemas de conduta, existem muito mais pais hiperpassivos, que não assumem de forma responsável a paternidade.
Inclusive, tendo-a escolhido, parecem não ser conscientes de tudo o que
isso implica, do gasto de energia, de passar tempo com os filhos, de se
ocupar das necessidades dos seus filhos. Também de conseguir muitas
realizações, momentos de felicidade e fortalecimento do vínculo paterno filial, que sem dúvida, é a base de um bom desenvolvimento psicoemocional das crianças.
Quando
alguma coisa não funciona em casa, ou percebemos que nossos filhos podem
estar com algum problema, é hora de parar e analisar a situação.
Imagem principal cortesia de JrCasas.
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