Nessa segunda-feira, 02/08/2011, fui ao parque da Aclimação fazer uma caminhada e antes de ir embora, fiquei descansando no play ground.
Eram 16 00hs, o sol estava morno e quase não ventava. Uma tarde nada típica para o inverno.
Parei ali por uns instantes e reparei o total isolamento do parque. Nenhuma criança, só o sol e o vento.
Não podia ser diferente, as aulas haviam começado e agora a vida por ali só voltaria aos finais de semana.
Reportei-me a infância de meus filhos e constatei que há vinte anos as coisas eram diferentes, todo dia era dia de parque, antes ou após as aulas.
Não lembro daquele parque esvaziado, silencioso, com um tempo tão agradável.
Onde estariam as crianças? Todas em escolas? Muitas de tempo integral, como creches e centros de juventude?
Seria mesmo só esse o motivo? As famílias passam muito tempo fora de casa e suas crianças nas escolas?
A violência e a insegurança das crianças também seriam fatores para o sumiço delas?
Tentei buscar na memória o som daquele parque repleto de falas, risos, movimentos e traquinagens e então o cenário ficou completo.
Como eram ricas as interações sociais, todo tipo de gente, mistura de raças, credos e camadas sociais.
Sempre meus meninos conheciam alguém, as vezes nem peguntavam o nome, mas tinham compartilhado brinquedos, idéias, brincadeiras de faz de conta ou do universo infantil, como mamãe polenta, casinha, pique-esconde ...
Ao longe os observava e sentia que estavam constituindo os seres que hoje o são.
Na escola também tinham esse momento, porém com menor liberdade, as vezes conduzidos, outras com objetivos e finalidades já pré-definidas pelos professores.
A escola por si só já caracteriza o perfil dos educandos, a camada social, os valores e regras de convivência, tornando as interações menos ricas e espontâneas.
Será esse o motivo do crescimento da intolerância nos jovens e futuros adultos, a falta de convivência mais abrangente, das relações mais complexas e sem controle dos adultos?
Os parques de diversão são verdadeiros laboratórios de relacionamentos, de estratégia para a vida e busca de resolução de problemas.
Como diz uma amiga minha, Adélia, "o brincar é o trabalho da criança". E é por meio dele ,que a criança, entende a vida em sociedade, e se faz cidadão.
Espero que tenha sido só uma coincidência o parque vazio, e que diariamente esteja ventando alegria, com aquele burburinho gostoso, que só as crianças podem nos dar.
Magda Cunha
*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com
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