sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Conclusão da monografia

Esta é a ultima postagem da monografia sobre inclusão.
Infelizmente pouco mudou no cenário brasileiro desde que dediquei-me a esse trabalho científico de pesquisa.
Minha intenção é divulgar esse estudo  e  auxiliar  na  melhora da compreensão sobre os deficientes e a sociedade.
A inclusão social não é um modismo, nem será obtida de forma instantânea, é o resultado de um caminhar longo e decidido para o  reconhecimento da cidadania.
Seja um divulgador desse  direito,  socialize seu novo olhar  e  participe dessa  trajetória.

"NASCER DEFICIENTE É UM FATO, TORNAR-SE É UMA POSSIBILIDADE".

CONCLUSÃO
Concluí ao realizar essa monografia que a aventura do conhecimento não se compatibiliza com a verdade absoluta.

Assim a flexibilidade apresentada através de ponderações, questões e sugestões levantadas para este trabalho científico, constitui-se acima de tudo, num momento dialético, gestor de uma articulação entre conceitos, que constantemente oscilam entre o desequilibrar e reequilibrar.

 Refleti, enquanto sujeito histórico com vivências e leituras diferenciadas, promovi trocas, incitei novas perguntas, por conseguinte, aprendi, ensinei, pesquisei e gerei alternativas para contribuir, com os recursos que tive, sem idealismo, mas considerando meu sonho, para efetivar a necessária transformação da educação inclusiva brasileira.

 Debati sobre o aluno PNEE (portador necessidade educacional especial) e todos envolvidos no processo de aprendizagem, retomei conceitos, ao que tange, as mesmas “reais” igualdades de oportunidades, através da inclusão escolar e práticas sociais éticas, para além da aparência “estética”.

O conceito atual de crianças portadoras de necessidades especiais é antes de tudo o reflexo, da concepção que adquiriram ao longo de sua história, e muito há que amadurecer para que haja realmente a inclusão.

Entendo que as idéias em torno da educação inclusiva fazem parte de um processo maior que é o da inclusão social.

A suposição de que haja excluído pressupõe a existência de incluídos e, mais, que a situação dos incluídos é a normalidade, mas isso deve ser posto sob suspeita.

Reconhecer diferenças não significa construir um discurso justificador das distinções sociais. Significa recusar o discurso da normalidade “padrão” e salvaguardar as identidades segundo suas características “diferenças individuais”.

A grande e central questão é exatamente essa: definir um conjunto de pessoas pelo viés da deficiência, em lugar de assumir uma perspectiva que reconheça diferenças, enxergando outras competências.

Faz parte desse processo também recusar políticas públicas assistencialistas e apoiar as que levem em conta os direitos dos segmentos sociais diferenciados.

As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas turmas regulares se justificam, na maioria das vezes pelo despreparo dos seus professores para esse fim.

Existem também as que não acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação, especialmente os casos mais graves, pois não teriam condições de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais marginalizados e  discriminados do que nas classes e escolas especiais.

A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específicas para esta ou aquela deficiência.

Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto é, se o professor considerar o nível de possibilidades de desenvolvimento de cada um e explora-las,  por meio de atividades abertas, nas quais cada aluno se enquadra por si mesmo, na medida de seus interesses e necessidades, seja para construir uma idéia, ou resolver um problema, realizar uma tarefa.

Eis aí um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares, tradicionais, cujo paradigma é “conteudista”, e baseado na transmissão dos conhecimentos.

Novos enfoques curriculares, metodológicos e avaliativos, que possibilitem a construção coletiva, significativa e eqüitativa dos conhecimentos são instrumentos para efetivação da escola para todos, inclusiva.

Um caminho primeiro quando se pensa em inclusão é ajudar o professor a perceber-se como sujeito para que então, possa ver seu aluno em sua subjetividade. Ajudá-lo a tecer um saber, a pensar sobre sua metodologia, sobre seu aluno.

Todos estudantes, quaisquer que sejam suas capacidades, irão beneficiar-se das aulas de educação que sejam menos dependentes de livros e mais experiências, mais cooperativas, mais holísticas e mais muiti-sensoriais.

O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na escola como um todo é compatível com a vocação da escola de formar gerações.

É nos bancos escolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a dividir as responsabilidades, repartir as tarefas.

A escola prepara o futuro e de certo que se as crianças conviverem e aprenderem a valorizar a diversidade nas suas salas de aula serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para defender o indefensável.

          O exercício dessas ações desenvolve a cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o reconhecimento de diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada pessoa para a consecução de metas comuns de um mesmo grupo.

Mas este é apenas um esboço, o início de um novo período, um iniciar investigativo e reflexivo da conduta inclusiva.

Não se muda a escola num “piscar de olhos”, a perspectiva de efetivação demanda da alteração do consciente social e da perseverança dos que acreditam na realização desse sonho.

 Alves descreve a aprendizagem com muita habilidade:

O sabido é o não-pensado, que fica guardado, pronto para ser usado como receita, na memória desse computador que se chama cérebro. Basta apertar a tecla adequada para que a receita apareça no vídeo da consciência. Aperto a tecla moqueca. A receita aparece no meu vídeo cerebral: panela de barro, azeite, peixe, tomate, cebola, coentro, cheiro verde, urucum, sal, pimenta, seguidos de uma série de instruções sobre o que fazer.

Não é coisa que eu tenha inventado. Me foi ensinado. Não precisei pensar. Gostei. Foi para a memória. Esta é a regra fundamental desse computador que vive no corpo humano: seduzir o aluno para que ele deseje e, desejando, aprenda”.(Alves, 1994)

            Ronca et. Alli. dão uma dimensão ímpar da formação dos seres:

            “O nosso coração e a nossa razão são, também, o “coração e a razão”  da cultura  em que vivemos. Vale relembrar: ela penetra em nosso ser como um soro acoplado a uma agulha em nossa veia: aos pingos, então, paulatinamente; na veia, então, profundamente. Em ambos os casos, inexoravelmente!

            Assim sendo, para se atingir o coração ou a razão, entenda-se a personalidade, a que se procurar outro tipo de linguagem, pois a usual, muitas vezes, não atinge na plenitude e na profundidade que desejamos. É ... a razão torna-se “cega”...  e o coração “surdo”....”. (Ronca, 1999)

Magda  Cunha


Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em aprendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com

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