sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Espectro e tonalidade para educação

Última  parte  da  belíssima  explanação  da  psicopedagoga Marina S. R. Almeida.



A sociedade atual exige pessoas detentoras de tipos diferentes de capacitação, com talentos variados, sobrepostos e mutáveis. 

Sabemos que o novo paradigma está sendo proposto pela Biologia – a Genética (o universo visto como um e muitos organismos, entes auto-reprodutivos, se auto-organizados, levando a examinar as coisas em termos de seus relacionamentos externos, os seus contextos, a sua conectividade, o seu crescimento e evolução).

Estas idéias complementam duas outras correntes intelectuais que têm implicações fortes para mudanças em Educação: a inteligência artificial -  cibernética (utilizada para examinar os processos cognitivos no ser humano e suas possíveis aplicações na construção de máquinas "inteligentes") e a vida artificial (estudo de sistemas criados artificialmente por robôs que exploram e constroem, vírus de software que matam outros vírus). 

Esse segmento inclui pelo menos algumas das características, ou propriedades, de "vida humana real" (por exemplo, crescimento, reprodução, auto-manutenção, auto-regulamentação, exigência de nutrientes e energia), pressupostos que levam a pensar sobre a evolução e o comportamento humano. 

O saber precisa ter sabor, precisa ter gosto, agradar o paladar, degustar, apreciar, despertar desejos de quero mais.
De que professor estamos falando? Falamos da passagem do professor para o educador, uma mutação.
Referenciamos também  para colaborarem com nosso olhar as grandes contribuições dos psicanalistas. D. Winnicott  e W. Bion. 

O primeiro autor  propõe  os paradoxos humanos e sua experiência cultural enquanto o segundo refere-se ao ser humano como sendo um tipo de artista latente que precisa ser descoberto.
Estas contribuições podem nos ajudar  a obter um excelente espectro de tonalidades para atuação. 
Contudo não consideramos as mesmas como estruturas fechadas, técnicas mágicas e mais uma avalanche de especialistas. 

A escola da atualidade necessita ser mais flexível, ser inteira e representar a vida, portanto humanizada. Nossas escolas baseiam-se inteiramente em torno da noção de disciplina e comportamento. 

O educador das primeiras às quartas séries deixa de ser o “professor” para ser tornar o “professor de algo”, depois temos “ o professor das disciplinas”  das quintas às oitavas séries. Professor de geografia, professor de matemática, quando em última análise, deveria ser professor de gente, não de matérias.

A escola corre atrás de resultados quantitativos, e deixa de ser de qualidade perdendo a oportunidade de entender como se chega aos resultados. 
Alunos mal comportados, deficientes, lentos, com altas habilidades e criativos são excluídos do sistema, não há lugar para o potencial ou sofrimento humano, pensar a dor, afeto, é algo muito complexo para nossa escola abarrotada de alunos nas classes. 

Como ouví-los?, como criar espaços suficientemente humanos de intervenção ? Mas temos o jargão democrático para aferir “toda criança na escola”, mas ninguém pergunta: como?, de que maneira está na escola?, qual seu efetivo aproveitamento?, instalação?, qualidade?

Podemos criar várias disciplinas falando de cidadania, honestidade, valores, etc... 
Os valores têm de ser vividos, vivenciados; a crise na educação não é outra coisa senão a perda de sentido, nos remete a idéia da educação ter um sentido coletivo humanizado.

Não proponho respostas, mas desenvolver nossa capacidade de pensar o cotidiano, talvez encontraremos diversas soluções paulatinas.

Reconhecer que podemos promover uma nova forma de aprendizagem, muitas vezes longe do que pretendíamos como objetivo principal, acredito que  aí esteja a arte em ser educador.
Ver o que não está no aparente, no pedagógico, no conteúdo programado, no concreto, mas considerar o crescimento humano que a pessoa adquiriu durante aquela experiência. Como educadora considero isso como relevante porque ficará por toda  vida!

“Tudo isso é aprender. E aprender é sempre adquirir uma força para outras vitórias, na sucessão interminável da vida”. (Cecília Meireles).


Magda Cunha



*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
 consultora na rede pública e particular de ensino.
 
mag-helen.maravilha@gmail.com     
 www.promaravilha.blogspot.com

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