O texto que segue é sobre um transtorno de aprendizagem que pode ser sanado com a observação do alunado, orientação às famílias e encaminhamento ao serviço médico adequado.
Trata-se da Síndrome de Irlen, referente a um distúrbio na visão, acometido pela luz natural ou artificial, para práticas de leitura e escrita.
De total importância deve ser amplamente divulgado por todas as mídias sociais.
Magda Cunha
Fonte:
Marina Roberta Vieira Nogueira - marinaroberta2@gmail.com
Fisioterapeuta graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Pós- graduanda do curso de Neurociências e Psicanálise aplicadas à Educação pela Universidade São Camilo- BH
Screening do Método Irlen
Visão, aprendizagem e a Síndrome de Irlen
O ato de aprender é próprio do ser humano, porém a
qualidade e a quantidade dos novos saberes dependerão muito dos estímulos
recebidos e principalmente da eficácia de cada um deles. Grande parte desses
fatores de influência são originários do meio social, no qual o indivíduo está
inserido, porém há que se considerar limitações físicas ou predisposições
pessoais que cada um carrega em seu próprio código genético (FONSECA, 2004).
Estima-se que cerca de 85% de tudo o que aprendemos
ou assimilamos do ambiente, bem como o desenvolvimento normal sensorial e
motor, dependem de nossas habilidades visuais nos primeiros seis meses de vida
(ATKINSON, 2000 e SHOR, 1989).
São vários os
transtornos, síndromes e déficits que dificultam a aprendizagem, dentre os
quais estão os distúrbios de aprendizagem relacionados à visão, que
correspondem a uma dificuldade na manutenção da atenção, compreensão e
memorização e à atividade ocular durante a leitura, levando a um déficit de
aprendizado. Tais distúrbios afetam indivíduos de todas as idades, com
inteligência normal ou superior à média e está relacionada a uma desorganização
no processamento cerebral das informações recebidas pelo sistema visual. O
esforço despendido nesse processamento, torna a leitura mais lenta e
segmentada, o que compromete a velocidade de cognição e a memorização.
Um desses distúrbios de aprendizagem relacionados à
visão é a Síndrome de Irlen (SI), que se caracteriza por dificuldades de
processamento cerebral das informações visuais, causadas pela sensibilidade a
determinados comprimentos de ondas de luz espectral visível ao olho humano
(IRLEN, 1991).
Tal disfunção perceptual apresenta seis manifestações principais:
Tal disfunção perceptual apresenta seis manifestações principais:
1 fotossensibilidade (sensibilidade aumentada a luz),
2 desfocamento à leitura com
distorções visuais,
3 restrição do campo visual periférico,
4 dor de cabeça,
5 dificuldade de adaptação a contrastes e
6 na manutenção da atenção.
Alguns
sintomas físicos recorrentes são:
1 lacrimejamento,
2 coceira e ardência ocular,
3 esfregar os olhos constantemente,
4 tampar/fazer sombra nos olhos enquanto lê,
5 apertar e piscar os olhos excessivamente,
6 balançar ou tombar a cabeça,
7 cansaço
após 10 a 15 minutos de leitura e
8 leitura na penumbra.(GUIMARÃES, 2009)
A Síndrome de Irlen pode afetar além da leitura,
outras áreas variadas da vida do indivíduo. A sensibilidade à luz pode causar
desde simples incômodos em determinados ambientes ou circunstâncias, até
prejuízos em habilidades, tais como: prática de esporte com bola, coordenação
motora fina e grossa, habilidades musicais, coordenação espaço temporal, dentre
outras (IRLEN, 1991).
Um indivíduo mesmo
que com a acuidade visual dentro dos padrões de normalidade (ou seja,
enxergando bem) tem chances de ser portador da síndrome, já que se trata de uma
disfunção da percepção e não uma patologia ligada diretamente aos olhos. Ela
está relacionada a déficits na codificação e decodificação das informações
visuais pelo sistema nervoso central (AMEN, 2004). É necessário um diagnóstico
diferencial por profissionais especializados, uma vez que não pode ser
detectada através de exames oftalmológicos de rotina, nem por testes
padronizados para verificação de dificuldades de aprendizagem (IRLEN, 1991).
De forma simplificada, a Síndrome de Irlen se
manifesta da seguinte forma:
A população afetada pela Síndrome de Irlen se
resume em 12-14% da população geral, superdotados e bons leitores; 46% de
indivíduos com déficits específicos de aprendizagem e leitura; 33% dos casos de
TDA e TDAH, Dislexia e comportamentais e 55% dos indivíduos com traumatismos
cranianos, concussões, lesão contragolpe, etc (GUIMARÃES, 2009).
O protocolo de
diagnóstico da Síndrome de Irlen é realizado através de uma abordagem
multidisciplinar, com contribuição de diversas áreas, como: oftalmologia,
psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Tal protocolo
envolve entrega de questionários caracterização e habilidades acadêmicas,
anamnese, exames oftamológicos específicos, screening (avaliação para
constatação de distorções visuais no processo de leitura pela metodologia
Irlen) e diagnóstico do padrão de leitura avisando intervenções
psicopedagógicas, oftalmológicas, neurológicas, etc.
O Método Irlen de tratamento oferece aos portadores
da Síndrome de Irlen diminuição da sintomatologia ou em alguns casos sua
eliminação completa. É válido ressaltar que não se trata de intervenção
medicamentosa, nem invasiva, mas sim propõe dois tipos abordagem (IRLEN, 1991):
1. Uso de overlays – lâminas de sobreposição.
Objetivos: proporcionar conforto, nitidez, estabilidade e fluência durante a
leitura. Tratamento proposto pelo atual projeto.
2. Filtros de bloqueio espectral (em óculos ou
lentes de contato) – prescrição exclusiva de oftalmologista.
Hoje o método Irlen de tratamento vem sendo
utilizado em quarenta e dois países e em mais de quatro mil instituições de
ensino. Nos Estados Unidos uma resolução adotada em Julho de 2009, durante a
Assembléia Geral de NEA – National Education Association, que agrega
aproximadamente 3 milhões de trabalhadores na área da educação foi aprovada a
proposta de que todos os seus membros sejam informados sobra a Síndrome de
Irlen e seu tratamento. Outros locais aonde os testes já vem sendo aplicados
como de rotina são: Austrália e Reino Unido (GUIMARÃES, 2009)
No Brasil, a Síndrome
de Irlen é conhecida há apenas quatro anos através de cursos oferecidos pela
Fundação do Hospital de Olhos de Minas Gerais, em módulos teórico-práticos
sobre a metodologia de diagnóstico e tratamento. A rede de profissionais
capacitados é composta por cerca de 530 profissionais de diversas áreas da
saúde e educação. Esses indivíduos capacitados são conhecidos como screeners em
16 estados brasileiros.
Mais informações encontram- se disponíveis no site:
Dislexia
de Leitura
Referências
·
ALMADA, A. Síndrome de Irlen: Uma Nova Abordagem para Dificuldades de
Aprendizagem. Escola Superior Aberta do Brasil. Pós-graduação Lato Sensu em
Psicopedagogia Clínico- Institucional. Vila Velha. E.S., 2009.
· AMEN, D.G. Light in the Brain. Brain in the News Newsletter.30/06/2004
· American Academy of Child and Adolescent Psychiatry (AACAP). Practice parameters for the assessment and treatment of children, adolescents and adults with Attention Deficit/hyperactivity disorder. J Am Acad Adolesc Psychiatry 1997;36 (10 Suppl):85S-121S.
· American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed. Washington: American Psychiatric Association; 1994.
· ATKINSON, J. The Developing Visual Brain. New York: Oxford University Press, 2000.
· Dislexia de Leitura. Informações e artigos. Disponíveis na Internet em Dislexia de Leitura.
· FONSECA, Vítor. Dificuldades de aprendizagem: Abordagem Neuropsicológica e Psicopedagógica ao Insucesso Escolar. 3ª Edição. Âncora Editora, 2004.
· GUIMARÃES, Márcia; e GUIMARÃES, Ricardo. Palestras ministradas no VI Curso de Dislexia de Leitura da Fundação Hospital de Olhos, realizada em Belo Horizonte, MG, nos dias 9, 10 e 11 de julho de 2009.
· Instituto Irlen Internacional. Informações e Artigos. Disponíveis na Internet em Irlen
· IRLEN, Helen. Reading by the Colors- Overcoming Dyslexia and Other Reading Disabilities Through the Irlen Method. New York: Avery, 1991 (Updated Edition, New York: Penguin Group 2005)
· RICHMAN, J. Use of Sustained Attetion Task to Determine Children at Risk for Learning Problems. J Am Optom Assoc.; 57, 20-6. 1986.
· SCHOR ,C. ROSENBLOOM, A. e MORGAN, M. Visuomotor Development. In Principles and Practices of Pediatric Optometry. Philadelphia: JB Lippincott, 1989.
· VOHS, K.D., and R. F. BAUMEISTER,2004. Understanding Self- Regulation. Handbook of Self- Regulation: Research, Theory and Applications. ed. R. F. Baumeister e K. D. Vohs. New York: Guilford Press.
· AMEN, D.G. Light in the Brain. Brain in the News Newsletter.30/06/2004
· American Academy of Child and Adolescent Psychiatry (AACAP). Practice parameters for the assessment and treatment of children, adolescents and adults with Attention Deficit/hyperactivity disorder. J Am Acad Adolesc Psychiatry 1997;36 (10 Suppl):85S-121S.
· American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed. Washington: American Psychiatric Association; 1994.
· ATKINSON, J. The Developing Visual Brain. New York: Oxford University Press, 2000.
· Dislexia de Leitura. Informações e artigos. Disponíveis na Internet em Dislexia de Leitura.
· FONSECA, Vítor. Dificuldades de aprendizagem: Abordagem Neuropsicológica e Psicopedagógica ao Insucesso Escolar. 3ª Edição. Âncora Editora, 2004.
· GUIMARÃES, Márcia; e GUIMARÃES, Ricardo. Palestras ministradas no VI Curso de Dislexia de Leitura da Fundação Hospital de Olhos, realizada em Belo Horizonte, MG, nos dias 9, 10 e 11 de julho de 2009.
· Instituto Irlen Internacional. Informações e Artigos. Disponíveis na Internet em Irlen
· IRLEN, Helen. Reading by the Colors- Overcoming Dyslexia and Other Reading Disabilities Through the Irlen Method. New York: Avery, 1991 (Updated Edition, New York: Penguin Group 2005)
· RICHMAN, J. Use of Sustained Attetion Task to Determine Children at Risk for Learning Problems. J Am Optom Assoc.; 57, 20-6. 1986.
· SCHOR ,C. ROSENBLOOM, A. e MORGAN, M. Visuomotor Development. In Principles and Practices of Pediatric Optometry. Philadelphia: JB Lippincott, 1989.
· VOHS, K.D., and R. F. BAUMEISTER,2004. Understanding Self- Regulation. Handbook of Self- Regulation: Research, Theory and Applications. ed. R. F. Baumeister e K. D. Vohs. New York: Guilford Press.
Abaixo endereços para acessar vídeos reportagens sobre a Síndrome de Irlen:
Muito legal o texto! :-)
ResponderExcluirDê uma olhadinha na minha página no Facebook, intitulada "Driblando e Vencendo a Síndrome de Irlen". Eu divulguei esta sua postagem lá na referida página!!! :-D
Abraços!!!
Obrigada pela divulgação e vou prestigiar sua página no facebook. Abraços!
ExcluirMuito bom! Parabéns! Ajuda a entender aspectos nebulosos sobre o assunto, até para pessoas mais experientes.
ResponderExcluirObrigada Didi por prestigiar com sua participação o blog professora maravilha.
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