domingo, 29 de setembro de 2013

Autismo pelo Autista

O que parecia difícil de acontecer e improvável de termos conhecimento foi posto de lado com os depoimentos de uma adolescente autista, que relata em seu site, sobre como é ser autista, o que um autista tem que controlar, como entende o mundo e muito mais.
Fantástico como as revelações serão uma nova via de comunicação com os autistas, possibilitarão pesquisas mais acertivas em relação ao seu desenvolvimento e trarão melhor qualidade de vida a eles.

Amei essa reportagem e indico a todos que querem discorrer sobre o autismo a visitarem o site carlyscafe.com  e  viajarem por um mundo paralelo inserido no real.

Magda Cunha


Fonte:  http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/entenda-e-experimente-como-funciona-a-mente-de-um-autista-com-a-ajuda-de-uma-adolescente-que-sofre-dessa-condicao/


Entenda (e experimente) como funciona a mente de um autista

Imagens: Reprodução do site carlyscafe.com
Enquanto sua irmã gêmea se desenvolvia normalmente, o progresso da canadense Carly Fleischmann era lento. Logo foi descoberta a razão: aos dois anos de idade, ela foi diagnosticada com autismo severo. Hoje, Carly é uma adolescente que não consegue falar – mas encontrou outro meio de se comunicar. Aos 11 anos, ela foi até o computador, agitada, e fez algo que deixou toda a sua família perplexa: digitou as palavras DOR e AJUDA e saiu correndo para vomitar no banheiro.
Supostamente, Carly nunca tinha aprendido a escrever. Mas aquilo mostrou que acontecia muito mais em sua mente do que qualquer um poderia imaginar. E foi assim que começou uma nova etapa em sua vida: ela foi incentivada a se comunicar mais desta forma e a criar contas em redes sociais, como o Twitter e o Facebook. Também ajudou o pai a escrever um livro sobre a sua condição e deu as informações para a criação de um site que simula a sua experiência diária com toda a descarga sensorial que recebe em situações cotidianas, como ir a um café. “O autismo me trancou em um corpo que eu não posso controlar”, diz ela no site.
Veja clicando na imagem abaixo.

 4 de fevereiro de 2013

Depois que sua história foi para a mídia, Carly começou a receber muitos e-mails de pessoas perguntando sobre o autismo e criou um canal para respondê-las. “As pessoas têm muitas de suas informações vindas dos chamados especialistas, mas eu acho que esses especialistas não conseguem dar uma explicação a algumas questões”, escreveu.

Veja a resposta que ela deu em seu site e entenda melhor o comportamento dos autistas:
Pergunta: Meu filho de seis anos ​​fica triste e chora com frequência, e eu não consigo entender o porquê. Você tem alguma sugestão de como eu posso descobrir o que está errado?
Carly: Pode ser muitas coisas. Será que ele está tomando algum medicamento? Eu tive muitas mudanças extremas de humor, como chorar e sentir raiva sem motivo, por causa da medicação. Também poderia ser algo que aconteceu mais cedo ou dias atrás e que ele está processando apenas agora.
Alguma vez você gritou aparentemente sem motivo? Por exemplo, você parecia feliz e relaxada, mas de repente começou a gritar? Minha filha faz isso às vezes e eu estou tentando descobrir o porquê.
Eu amo esta pergunta. Ela está fazendo uma filtragem dos sons e quebrando os ruídos e conversas que tem ouvido ao longo do dia. [O cérebro dos autistas funciona de maneira diferente e se sobrecarrega com estímulos externos, como sons, luzes, imagens e cheiros. Gritar, tapar os ouvidos, fazer ruídos ou movimentos repetitivos, segundo Carly, são uma forma de bloquear esses estímulos e se concentrar em apenas um]. Além dos gritos, você pode nos ver chorando ou rindo, tendo convulsões e até manifestando raiva. É a nossa reação ao, finalmente, entender as coisas que foram ditas e feitas no último minuto, dia ou até mês passado. Sua filha está bem.
Será que você poderia me dizer por que meu filho de quatro anos de idade (que tem autismo) grita no carro cada vez que paramos em um semáforo. Ele está bem e feliz enquanto o carro se move, mas, uma vez que paramos, ele grita e faz uma birra incontrolável.
Eu amo longas viagens de carro, elas são uma ótima forma de estímulo sem você precisar fazer nada. O movimento do carro e o cenário visual passando por ele permite que você bloqueie qualquer outra entrada sensorial e se concentre em apenas uma. Meu conselho é colocar uma cadeira de massagem no banco do carro. Assim, quando ele parar, seu filho ainda estará sentindo o movimento. Você pode também colocar um DVD mostrando um cenário em movimento.
De onde você tira tanta informação sobre a cultura pop?
Eu escuto tudo que está acontecendo ao meu redor. Se houver uma TV e eu estou em outro quarto, ainda posso ouvi-la. Se pessoas estão falando, eu gosto de ouvir o que estão dizendo, mesmo se não estão falando comigo. Não é porque eu não pareço estar prestando atenção que esse seja o caso.
Em seus sonhos você é autista?
Sim e não. Em alguns dos meus sonhos eu posso falar e fazer coisas que as crianças da minha idade fazem. Mas em outros eu ainda tenho dificuldade em fazer as coisas que posso fazer quando estou acordada. Eu sonho com um monte de coisas, como meninos e alimentos. Eu nem sempre me lembro dos meus sonhos, mas gosto deles.
Você pode descrever como se sente por dentro? Você acha que é diferente de crianças que não têm autismo?
O problema é que eu não sei o que as outras crianças sem autismo estão sentindo. Eu tenho lutas comigo todos os dias, desde que acordo até a hora de ir dormir. Não posso nem ir ao banheiro sem dizer a mim mesma para não pegar o sabonete e cheirá-lo ou sem lutar comigo mesma para não esvaziar todos os frascos de xampu.
 Existem coisas que você considera mais desafiadoras, como abotoar sua roupa ou cortar a comida com uma faca? Por que você acha que não pode fazer esse tipo de coisa? O que acha que poderíamos fazer para ajudar?
Algumas coisas eu acho que posso fazer, mas é preciso muita concentração para isso. Ficar sentada e digitar é algo muito avassalador para mim – eu preciso fazer pausas e dizer a mim mesma para fazê-lo. Eu não acho que as pessoas realmente sabem como é difícil. Parece tão fácil para todo mundo, mas é como falar três línguas ao mesmo tempo.
Para ler outras perguntas e respostas, veja o site de Carly.

sábado, 14 de setembro de 2013

Vencendo a barreira da comunicação com Livox



                 As mesmas oportunidades de igualdade ...

Algumas deficiências  impedem a expressão oral, atrapalhando a comunicação com os famíliares, a participação na escola e sociedade em geral.  

Para dar suporte à  fala, nesses casos, utilizamos as placas sinalizadoras (informações desenhadas em cartões), que fazem as vezes dos comandos, sentimentos, escolhas, ações e pensamentos,  facilitando o relacionamento.

Para autistas, pcs - paralisia cerebral,  síndrome de down   e  outras  dificuldades  de expressão oral,  foi lançado um novo recurso, o software Livox. 

As placas sinalizadoras foram parar na telinha, através do Livox, programa para tablets, que permitiram que com simples toque, touchscreem,  a pessoa transmita sua mensagem com tradução oral simultânea.

O Livox foi  desenvolvido por um pai de criança PC, que trabalha com informática,  sentiu na pele a dificuldade de comunicação oral da filha, e buscou alternativas para uma melhor inclusão social.

Que bom podermos, através das experiências pessoais, transformar para melhor o mundo em que    viviemos,   derrubando   mais   algumas   barreiras   do   dia  a  dia!

Magda Cunha



Fonte: Site Livox

Abaixo o link para acessar todas informações sobre esse novo recurso, bem como relatos pessoais e utilização.

http://www.agoraeuconsigo.org/

Vídeos da  Paloma, Clara, casos de PC.
http://www.youtube.com/watch?v=f-ejWyPSves
http://www.youtube.com/watch?v=c-V-MCE73V0



domingo, 8 de setembro de 2013

Alfabetização e Letramento


  Dedico essa flor aos Josés/Marias

 que estão 

espalhados pelo Brasil a fora.



Hoje  é  dia da Alfabetização/Letramento.

Dediquei especial  atenção  e  reflexão  sobre esse tema,  à formação global dos indivíduos.

Entendo essa questão como um processo longo, contínuo e muito importante para formação da cidadania.
Um dia após a comemoração do dia  7 de setembro, Independência do Brasil, tenho umas perguntas que não querem calar, conseguiremos manter essa conquista sem uma parcela significativa da nação estar alfabética e letrada? Como ser independente sem autonomia? Como ser autônomo sem consciência  do mudo que nos cerca? 

Paulo Freire um pensador contumaz, no sentido de ser  obstinado e  insistente, em seus ensinamentos nos diz:

- "Aprender  a  ler  e  escrever  é  aprender  a  ler  o mundo, compreender o seu contexto numa relação  dinâmica  vinculando  linguagem  e  realidade e ser alfabetizado é tornar-se capaz de usar a  leitura  e a escrita como  meio  de  tomar  consciência  da  realidade  e  transformá-la."

Essa  "máxima"  ( expressão de uma verdade ou princípio geral)  daria   para   ser   tema   de mestrado,  doutorado, pós- doutorado e muito mais.

Estamos  muito  distantes  dessa conquista, tanto na qualidade da formação de profissionais, da estrutura  física  para  atender  o  contingente  brasileiro,  valorização  dos  educadores  e especialmente quanto aos salários.

Ontem no dia  da Independência fui testemunha de uma situação bastante incomum. 
Estava  parada  aguardando  um  coletivo  quando  um  senhor  começou a narrar sua opnião sobre  essa  data  comemorativa.
Observei  que  era  uma pessoa bastante humilde, com trajes e aparência de morador de rua.

Sua fala era clara, objetiva, bem estruturada, bem fundamentada, porém  após cada palavra fazia um ruído, que julguei ser tique nervoso.
Tudo que expressava, em silêncio fazia-lhe uma leve  menção com a cabeça em sinal de aprovação, e outras pessoas comentavam baixinho que ele estava falando tudo que não tínhamos coragem de falar. Mas ainda o julgavam fora de suas capacidades mentais e começaram  afastar-se,   protegendo-se.
Ele discorreu sobre vários momentos políticos do Brasil, desde Getulio Vargas, a repressão militar, os governos posteriores, a corrupção, a impunidade dos que estão acima da lei, e por conseguinte as consequências de um povo que se cala, que tudo aceita, que nada faz e todos sofrem em conjunto.
Não me contive e perguntei-lhe o nome, onde morava, onde nascera, sua profissão e se tinha família próxima, pois não concebi uma pessoa tão politizada, com uma compreensão da realidade tão apurada estar naquela situação.
Respondeu-me que mora numa pensão próximo de onde resido, seu nome José Carlos Silva e Souza, nascido no Rio de Janeiro, vivendo há mais de vinte anos em  São Paulo,  tem uma irmã, que segundo sabe,  mora em Porto Rico, uma tia que há tempos não vê no Rio de Janeiro, e disse-me que lhe dei uma idéia, iria escrever pra ela, foi Hipe na juventude, hoje está aposentado e é panfleteiro três vezes por semana, para conseguir complementar seu orçamento, pois só tinha quinze anos de registro em carteira, sendo o salário mínimo insuficiente. Durante a vida trabalhou como segurança em escolas, auxiliar de serviços gerais e limpeza. Pouco estudou, só o suficiente para ler e escrever, confidenciou-me.
Fiquei confortada por ele conseguir manter-se, não estar na rua, como aparentava, mas pesarosa por  encontrar-se naquelas condições, e percebi o quanto a aparência nos leva concluir errôneamente.
Durante a conversa já tinha deixado passar um coletivo e precisava ir embora, despedi-me e fui cumprir meus compromissos, com  o coração cheio de esperança num mundo melhor.
Quantos "Josés" esse Brasil possui? Torço para que muitos! 
Certamente Paulo Freire iria vibrar  em conhecê-lo. O pouco de estudo lhe foi suficiente para apropriar-se do mundo que o cerca.

Magda  Cunha


Fonte: Educando e criando por Neyva Daniella

http://umafamiliaincrivel.blogspot.com.br/2010/07/letramento.html

LETRAMENTO

Muit0 se  fala hoje em dia sobre alfabetização e letramento. 
Alfabetização e letramento são processos distintos, porém interdependentes, indissociáveis e simultâneos.
Alfabetização é codificação e decodificação, letramento é ter-se apropriado da escrita , o que é bem diferente de ter aprendido a ler e escrever.
Letramento é condição de quem interage com diferentes portadores de leitura e escrita; diferentes gêneros e funções da leitura e escrita em nossa vida. É o sentido ampliado da alfabetização.


Paulo Freire, ao definir a alfabetização, definiu letramento, visto que ele já via a alfabetização como condição de quem sabe ler  e escrever dentro de um contexto onde a leitura e a escrita tenham sentido e façam parte da vida.



"Aprender a ler e escrever é aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto numa relação dinâmica vinculando linguagem e realidade e ser alfabetizado é tornar-se capaz de usar a leitura e a escrita como meio de tomar consciência da realidade e transformá-la."


O mesmo conceito  foi definido poeticamente e brilhantemente pela jovem estudante norte-americana de origem asiática Kate M. Chong:


O que é Letramento?

Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo quebrando blocos de gramática.

Letramento é diversão
é leitura a luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.

São notícias sobre o presidente
o tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.

É uma receita de biscoito,
uma lista de compras,
recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
de velhos amigos.

É viajar para países desconhecidos
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens heróis e grandes amigos.

É um atlas do mundo
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
orientações em bulas de remédio
para que você não fique perdido.

Letramento é, sobretudo
um mapa do coração do homem
um mapa de quem você é
e de tudo que você pode ser.